sexta-feira, 4 de junho de 2010

Ocupação antropica e problemas de ordenamento

Devido ao elevado crescimento da população humana, várias zonas da superfície têm sido ocupadas. A ocupação antrópica pode provocar graves perturbações nos ambientes naturais e, consequentemente, fenómenos catastróficos. O avanço do mar em zonas costeiras, os deslizamentos de terra e as inundações são alguns dos exemplos das consequências da interacção Terra-Homem.
Para evitar que a ocupação antrópica crie mais problemas, é necessário definir regras de ordenamento do território, isto é, assegurar um processo de organização do espaço biofísico de acordo com as capacidades do referido espaço.
Agora vamos falar sobre cada um dos problemas provocados pela ocupação antrópica.

Bacias hidrográficas:
Desde os tempos mais remotos, os humanos ocupavam as margens dos rios, pois os rios eram utilizados como via de comunicação; utilização das águas para fins domésticos, agrícolas e industriais; e os solos das margens eram mais férteis devido à deposição de materiais transportados pelo rio.
Os rios como são correntes de águas superficiais cuja velocidade e área variam com o regime das chuvas, existindo assim vários tipos de leito: o leito menor (ou ordinário), o leito normal e o leito de cheia (ou de estiagem). O leito de cheia ocorre em situações de forte precipitação, inundando assim as habitações que se encontram junto à margem do leito normal. Em situações de forte precipitação, as habitações que se encontram nas margens são inundadas pois ocorre o leito de cheia.
Podemos ainda dizer que o conjunto de todos os cursos de água ligados a um rio principal constitui uma rede hidrográfica e que o conjunto de todas as redes hidrográficas constitui as bacias hidrográficas. A actividade geológica compreende a meteorização, a erosão, o transporte, e a sedimentação.


Zonas costeiras:
As zonas costeiras ou zonas da orla marinha caracterizam-se por uma intensa actividade geológica causada pelo mar.Importância das dunas litorais:
Impedem, naturalmente, o avanço das águas do mar para o interior dos continentes. Constituem ecossistemas únicos, de grande biodiversidade.
Abrasão marinha:
Erosão provocada pelo constante rebentamento das ondas, carregadas de partículas contra as rochas, funcionando como verdadeiras lixas.
Consequências da abrasão marinha:Modelação de formas como as cavernas, os leixões, os arcos litorais e as plataformas de abrasão (superfície aplanada e irregular situada na base da arriba, entre marés, onde se depositam detritos rochosos caídas da arriba).

Formas de deposição:
Os materiais arrancados pelo mar ou transportados pelos rios vão-se depositar originando as praias, restingas, ilhas-barreiras ou tômbolos. Nas praias com acumulações predominantemente de areias de grão fino e grosso, o movimento oscilatório das ondas marinhas provoca como que ondulação dos materiais arenosos. As praias são constituídas por acumulação de materiais transportados pelo mar, resultando de uma interacção entre a litologia, a forma da costa e a dinâmica das ondas.Podemos ainda observar as dunas litorais nas praias, resultantes da acumulação de sedimentos de variados tamanhos e formas. As dunas são um elemento importante pois impedem o avanço do mar para o interior e constituem ecossistemas únicos, de grande biodiversidade.


Evolução do litoral:A dinâmica das zonas costeiras é condicionada por fenómenos naturais e antrópicos.

Causas naturais:
Alternância entre regressões e transgressões marinhas, com variação do nível médio da água do mar;
· Alternância entre períodos de glaciação e interglaciação (acumulação de gelo no Hemisfério Norte e fusão desse gelo, respectivamente);
· Deformação das margens continentais devido a movimentos tectónicos, que podem levar ou afundamento e elevação das zonas litorais.

Causas antrópicas:
-O excesso da produção de CO2 provoca efeito de estufa, e consequentemente o aumento do nível médio das águas do mar;
-Construção de estruturas de lazer e recreio desordenada na faixa litoral;
-Diminuição da quantidade de sedimentos que chegam ao litoral, devido à construção de barragens nos grandes rios;
-Destruição das defesas naturais devido ao pisoteio das dunas, à construção desordenada, ao arranque da cobertura vegetal, e à extracção de inertes, entre outros.

A ocupação humana nas zonas costeiras faz-se de forma desordenada, provocando alterações nos ciclos de abrasão (propiciando a erosão acelerada e avanço das águas do mar) e deposições marinhas que potenciam o risco geológico de desabamento de casas e edificações, ameaçando assim a vida humana e destruição de bens. Como consequências, também altera as rotas migratórias destruindo muitos habitats.

Obras de intervenção na faixa litoral:
-Construção de estruturas transversais (esporões) ou paralelas à linha de costa (paredões);
-Outras obras de engenharia comuns são os quebra-mares, esporões, paredões. Para além de dispendiosas revelam-se. Em regra, perigosas e nefastas para o litoral;
-Alimentação artificial em sedimentos em determinadas praias.

http://pt.wikipedia.org/wiki/Zona_costeira

Ordenamento do litoral: Em Portugal têm sido implementados planos de ordenamento da orla costeira de forma a diminuir o risco de perdas humanas e materiais. A costa algarvia e a costa do Norte são as zonas mais preocupantes.
O plano de ordenamento tem como objectivos identificar as áreas de potencial risco, promover a reabilitação das áreas afectadas, requalificar as praias balneares, estabelecer regras para a utilização da orla costeira, recuperar as dunas, alimentar artificialmente as praias, estabilizar as arribas, construção de obras de protecção.


Zonas de vertente
As zonas de vertente são zonas de instabilidade geomorfológica, o que implica que os materiais geológicos situados nas zonas superiores tendam a ser mobilizados para zonas inferiores.
Estes movimentos devem-se à força tangencial da gravidade e a sua velocidade pode variar de muito pequena e imperceptível até movimentos extremamente rápidos, arrastando grandes volumes de sedimentos que, durante o seu transporte, arrastam construções e edifícios, provocando elevados prejuízos humanos e materiais.

Factores naturais que favorecem os movimentos em massa:
· Força da gravidade: importante no movimento descendente das partículas;
· Inclinação da vertente: quanto maior a inclinação, maior a probabilidade de movimentos em massa;
· Características da rocha: a água diminui o atrito entre as partículas, facilitando a sua desagregação. A quantidade de água nos terrenos é influenciada pela pluviosidade, mas também pela rega.

Alguns exemplos de factores podem conduzir, directamente, aos movimentos em massa são: a pluviosidade, as tempestades, a sismicidade e a acção do Homem.Acções que favorecem o risco geológico nestas zonas:
- Precipitação elevada: a água que se infiltra no solo, devido à sua forte capacidade de estabelecer ligações moleculares, permite manter um certo grau de coesão entre as partículas. No entanto, se a concentração de água for muito elevada, o volume desta aumenta e conduz à saturação do solo. A tensão exercida pela água é tal que leva a que as partículas desse solo se afastem (menor força de atrito), criando situações de instabilidade provocando o movimento de materiais ao longo dessa vertente;
- Acção antrópica: Destruição da cobertura vegetal – as raízes das árvores reforçam a coesão do solo e aumentam a força de atrito que contraria o deslizamento pela gravidade;
Remoção de terrenos para a construção de estradas e habitações – expõe as vertentes aos factores ambientais ou interrompe as linhas de água, aumentando risco de movimentos;
Regra excessiva na agricultura – a saturação de água dos solos facilita o seu deslizamento.
- Ocorrência de sismos e vibrações: faz com que as formações rochosas fiquem mais instáveis sofrendo derrocada;
- Tempestades nas zonas costeiras: provocam a queda de blocos, geralmente de grandes dimensões;
- Variações de temperatura: levam à contracção e dilatação dos materiais rochosos.
Medidas para minimizar o risco geológico nestas zonas:
Elaboração de cartas de risco geológico, de acordo com a probabilidade de movimentos em massa;

Execução de medidas de ordenamento que considerem as cartas de risco geológico;
-Elaboração de cartas de risco geológico, de acordo com a probabilidade de movimentos em massa;
-Execução de medidas de ordenamento que considerem as cartas de risco geológico;
-Implementação de mecanismos de contenção para os materiais geológicos (florestação de vertentes, muros de suporte, redes de contenção e pregagens) e de drenagem (permite escoar a água que satura os solos).

http://www.netxplica.com/


Reflexão:As zonas de vertente, os leitos de cheia dos rios e as orlas costeiras são zonas de elevado risco geológico. O homem constrói nessas zonas pois têm belas paisagens, prejudicando, assim, o ambiente e acaba também por pôr em causa vidas humanas. Assim, conclui-se que a ocupação antrópica do meio natural exige que se conheça a composição e as estruturas geológicas da área ocupada e ter parâmetros de previsão segura do comportamento dos materiais geológicos envolvidos.
Para combater estes problemas, a Geologia fornece informações sobre as variadas zonas e os seus comportamentos quando sujeitos á interacção humana.

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